O que cabe no espaço entre duas gerações?
Em sábado, segundo livro de Sarah Rebecca Kersley, este espaço vago é poeticamente preenchido por memórias, encontros, questionamentos e uma costura entre poesia russa, judaísmo, idiomas, História e diferentes culturas.
O ponto de partida é uma viagem pela Inglaterra em 2017, quando a autora deu início a uma correspondência com o poeta russo Anatoly Naiman (n.1936) — um dos chamados “órfãos de Akhmátova” —, contemporâneo de Joseph Brodsky. Separados geograficamente mas unidos por laços de família, os poetas descobrem-se mutuamente, transpondo a barreira da tradução no universo poético.
Da reflexão sobre esse encontro nasce a mistura entre crônica e biografia que faz de Sábado uma obra que levanta questões sobre identidade, tradução e linguagem, e que condensa, também, poemas de Naiman inéditos no Brasil vertidos para o português por Aurora F. Bernardini.
Noemi Jaffe, autora de O que os cegos estão sonhando? (Editora 34, 2012) — obra que também transita entre o gênero biografia e memória — assina a orelha.