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São tempos de represa
Espera,
este não é um poema imediato
está ainda nascendo entre dentes
amargando lábios
pulsando na ponta da língua
Assim como o poema São tempos de represa, toda a poesia de Louise Queiroz é uma pausa, um hiato, um intervalo entre o dito e o não dito. É uma intenção de romper o silêncio, de prestar reverência àquilo que, antagonicamente, a paralisa e a põe em movimento. É uma tentativa de fala articulada no espaço da memória. É tempo em suspensão. É ar retido no peito. É imagem. É força.
Jovem, negra, mulher, lésbica, baiana. Assim é Louise, assim é sua produção literária: forte na identidade negra e alicerçada em suas raízes religiosas do Candomblé. girassóis estendidos na chuva, seu primeiro livro, é um exercício de estar em silêncio e fazer um movimento de escuta, deixando ecoar internamente todas as vozes – as ancestrais e as nossas – e, a partir daí, dar corpo e fluidez à palavra.
É possível que os versos estejam à mingua de lirismo e ainda assim digam mais do excesso que da falta.