Os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos. No Evangelho de Mateus e no novo livro de contos de Ruy Espinheira Filho, pelo menos. Em O Sonho dos Anjos – Contos Reunidos e Inéditos, obra que lança nesta quinta-feira, 29, o escritor apresenta contos inéditos (frutos de sua produção mais recente, e que estão no início do livro) e os já publicados, mais antigos (no final do livro).
O evento de lançamento acontece a partir das 18 horas, na praça central do Mercado do Rio Vermelho. Nada incomum para Ruy, que já chegou a lançar livros em bares e que gostou muito da experiência.
A obra chega ao mercado editorial pela Caramurê Publicações, de Fernando Oberlaender, e tem um mote especial: marca os 40 anos de publicação em livro de Ruy Espinheira Filho.
“O Sonho dos Anjos tem todos os contos que eu escrevi, é reunião do que fiz até agora. Ficou pronto em dezembro mas, por causa das festas de fim de ano, está sendo lançado agora, que é a comemoração de meus 40 anos de livros publicados”.
No livro, estão presentes contos que falam de temas como solidão, infância e amor. O que fica evidente, entretanto, é que há um tema maior: a vida sendo contada.
“É sempre esse mesmo o tema dos contos, não é outra coisa a não ser a vida. São textos que escrevi em diferentes momentos, então, cada um tem uma nota especial, cada qual tem uma peça própria. As temáticas são variadas, o importante é o tratamento. Acredito que amadureci como contista”, revela Ruy, que se tornou mais conhecido por sua poesia.
Em sua carreira, o autor também investiu em ensaio e romance. Foi experimentando, mas nem tudo vingou. “Nunca consegui escrever peça de teatro, por exemplo. Já tentei, mas não consegui. O conto aconteceu, mas sou um contista bissexto: só de vez em quando acontece. A poesia não, é mais frequente”.
Carreira
Com mais de 30 títulos publicados ao longo destes 40 anos, Ruy Espinheira Filho coleciona prêmios e indicações. Foi finalista de prêmios como Portugal Telecom, Jabuti e Bienal Nestlé, e conquistou o segundo lugar no Prêmio Rio de Literatura com o romance Ângelo Sobral Desce aos Infernos, de 1986.
Ele levou o segundo lugar do Prêmio Jabuti em 2006 com Elegia de Agosto e Outros Poemas, que ganhou ainda o prêmio da Academia Brasileira de Letras de Poesia e Menção Especial no Prêmio Cassiano Ricardo, da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro (UBE/RJ).
Tanto reconhecimento não veio à toa: além da obra de qualidade, Ruy é escritor desde sempre, mais precisamente, da infância. “Desde pequeno eu escrevo. não é escolha não, não é opção: é condição. É a única maneira de conseguir viver, é como o pintor que tem que pintar, como o dançarino que tem que dançar. O escritor tem que escrever, senão ele é um frustrado, vai viver uma vida horrível”, diz Ruy.
Fonte: A Tarde